14 de dezembro de 2014

Sofrência

Neologismos pegam, é verdade. Mas nem sempre chegam para ocupar o vazio da significância inédita, o remendo fantástico que faltava para preencher um nada qualquer. E o conceito da moda -sofrência - chegou para provar essa tal volta dos que não foram. Qual a novidade quando sempre tivemos a fossa, o fundo do poço, a dor-de-cotovelo, a roedeira? Quem é Pablo perto de Fernando Mendes, Odair José, Paulo Diniz? Isso só para citar os óbvios. Os pablistas, que se liquefazem inteiros com a pobre choradeira do cantor, por acaso já experimentaram alguns Deslizes da vida, levaram Pingos de amor no rosto ou mesmo se viram perdidos após uma Nuvem de lágrimas sob os olhos? As Evidências apontam que não. Faltam talvez, aos adeptos da sofrência, aquelas Recordações de quando quase se precisa até de Cadeira de rodas para se erguer de uma desilusão amorosa. De quando, depois de uns tantos goles, você pergunta: Por que brigamos? De quando a gente embarca naquela Ronda, cai, levanta e ensaia um sonoro: Vá com Deus! E quando somente o Garçom ouve nossas ébrias queixas e alivia as marcas das nossas Torturas de amor. Só mesmo os virgens de sofrência podem acreditar nela. Aos experientes, um belo porre de Perfume de Gardênia num lugar qualquer de uma vulgar noite de Sábado.