11 de abril de 2012

Inveja engorda

Taí uma palavra que, desde que me entendo por gente, evito utilizar. Inveja. Incomoda até escrevê-la. Na verdade, sempre neguei a existência real desse sentimento, repudiando, muitas vezes, comentários rasos que tudo a esse substantivo abstrato culpam. Sabe aquele povo que se acha invejável? Do tipo adesivo num estrupício de carro: "Não me inveje, trabalhe". Ou as criaturas adeptas da figa e da mania de culpar os outros pela falha de algo, atribuindo a desgraça ao "olho gordo" de alguém. É, sempre tive muita raiva desse argumento, porque quem somos nós para causar tanto incômodo em alguém? Somos melhores? Mais saudáveis? Mais bonitos? Grande merda! Seríamos, nesse caso, muito fracos ao ponto de sucumbirmos e não determos poder algum nesta vida, não? Deveríamos nos concentrar no nosso estado, nos nossos pontos positivos e na melhoria dos aspectos negativos... Bem, era assim que eu pensava até os últimos dias. Estava enganada, em parte. A inveja existe, e não é porque nunca a experimentei que posso negá-la. Não há outra explicação para pessoas que, tão próximas, não se satisfazem com a sua satisfação. Para aquelas que se incomodam com o fato de você existir e, somente na cabeça delas, ser um tanto quanto mais próxima da perfeição do que elas.  Loucas? Talvez. Só há insanidade em supor que sua felicidade é grandeza inversamente proporcional a do outro. Ou de que existe perfeição (e ela deve ser destruída! Grrrrr). E que somente é feliz quem se destaca sobre a carniça alheia, quem tem parâmetros ou felicitômetros ou perfeitômetros. Talvez também seja algo muito perto do amor (doentio, claro). Do tipo: ela ama tanto, mas tanto aquela outra que rejeita os amigos alheios ou tenta envenená-los contra o objeto de sua inveja. Que tenta seduzir seus namoradinhos adolescentes. Ou até pegar a rebarba da saliva depois de uma noite nada triangular. Valha-me, Deus! Não adianta tentar divagar; nunca compreenderei essa porcaria de sentimento das trevas. Só espero que nunca venha a experimentá-lo para não ter no meu rosto a expressão deprimente que tenho observado nos acometidos por esse mal, que mata e engorda.